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Mostra Competitiva Brasil

Como construir uma proposta? Dialogar com um espaço, com um tempo e com diversas questões subjetivas relacionáveis a diversas pessoas e lugares? O Mimoso é uma urgência de proposições e construções. Talvez seja um grande desejo de buscar raízes e pertencimento para se entender, a partir do pequeno espaço até algo maior. O lugar de onde se parte é Luís Eduardo Magalhães, no extremo oeste do estado da Bahia, com apenas 18 anos de emancipação e distante 960 km da capital. Um povoado formado em meados dos anos 80 com o nome de Mimoso do Oeste. A ocupação e formação do povoado se deu por sulistas com o objetivo de iniciar uma fronteira agrícola de monoculturas.  Em menos de 20 anos se tornou cidade e viu sua população crescer em quase 10 vezes, se tornando conhecida como “capital do agronegócio”.

O percurso dessa curadoria com os filmes é fortemente atravessado por tais características peculiares: pensar uma mostra que reúne filmes de todo o Brasil com sessões na praça e que dialoguem com a realidade vivida pela comunidade de Luís Eduardo Magalhães, que instiguem uma visão crítica a respeito das relações ali estabelecidas, em diferentes níveis, do mais duro até o campo sensível, sendo esse um lugar em construção de sua história e dos sentidos de identidade, memória e pertencimento.

O total de filmes inscritos na Mostra Competitiva Brasil foi de 783, diversos arranjos, escolhas e possibilidades. Buscamos percursos, caminhos, filmes que revelem pensamentos de cinema e trajetos imagéticos de diversas regiões do brasil, de diversas trajetórias afetivas, filosóficas, de pensamentos sobre montagem, roteiro, fotografia e produção. Inevitavelmente muitos filmes foram deixados de fora dessa seleção. É muito importante para nós que essa curadoria não se trate de uma busca pelos melhores filmes ou por quais filmes essencialmente não devem faltar, mas como conseguimos estabelecer debate, diálogo, conexões entre as obras e o espaço no qual serão exibidos. Tecer conexões e se relacionar a partir das narrativas e pensamentos que atravessam o país e nossas diversas questões sociais, ambientais, de território, identidade de gênero e raça, além dos atravessamentos das diversas tendências estéticas e de produção dos filmes produzidos nas diversas regiões do Brasil.

 

O conjunto dos filmes selecionados (através da inscrição) não tem a presença de filmes baianos. Essa escolha curatorial, por mais questionável que seja, faz parte do desejo de respeitar a curadoria feita pela Mostra Competitiva Bahia e de não criar nenhum tipo de hierarquia entre os filmes baianos, que caberiam nessa curadoria nacional e os que não cabem. Não queremos instaurar aqui o pensamento de hierarquia entre uma mostra nacional e uma estadual, mas entender que esses filmes curados em ambas as mostras estão em diálogo.

O Festival Mimoso de Cinema pretende principalmente discutir e se debruçar sobre o cinema produzido no estado da Bahia, quais possibilidades narrativas, estéticas e de produção são possíveis em nossa grande dimensão territorial e suas diversas manifestações culturais. Tendo em vista essa realidade, todas as sessões da Mostra Competitiva Brasil e as sessões especiais serão precedidas por um filme baiano convidado, logo, filmes que não se inscreveram no festival, mas que fazem parte da produção recente, dos últimos 18 anos aqui no estado.

 

Organizamos sessões que percorrem caminhos, que desenham conexões entre filmes com diferentes propostas estéticas e narrativas, de regiões diferentes do país. A sessão de abertura da Mostra Competitiva Brasil: Existir, romper amarras faz um percurso entre filmes que conversam sobre maneiras de existir no mundo, afirmar a própria identidade e fazer um caminho de volta a casa.  Os filmes, que vem do Ceará, Amapá, Rio de Janeiro e São Paulo serão introduzidos pelo filme convidado Cinzas, de Larissa Fulana de Tal. Os filmes procuram tecer, assim, diálogos sobre formas de existir no mundo e de romper com forças sociais que aprisionam os indivíduos, tanto de forma violenta e literal, como no caso de Peripatético, quanto de maneira subjetiva e fantasiosa, como A retirada para um coração bruto. Esses filmes também se relacionam fortemente com a construção e afirmação de uma identidade e sua relação com o lugar, a comunidade de onde se vem, presentes nos curtas Carta sobre o nosso lugar – Mulheres do Vila Nova e Sudestinos. E também sobre como a relação com o ambiente em que estamos inseridos causa marcas profundas na nossa maneira de existir, como visto em Plantae.

Em Semente, raiz forte trazemos filmes que dialogam em narrativa e estética sobre o ciclo de vida, morte e pertencimento. As obras presentes nessa sessão são profundamente ligadas a ideia do renascimento através da destruição. Fala também sobre reinventar ou revisitar a imagem do amor e do cuidado. As imagens se desdobram sobre corpos socialmente colocados num lugar à margem, tão longe do lugar social como construído, do corpo que recebe o cuidado, a atenção e o amor. É uma sessão que fala profundamente sobre amor e carrega diversas representações de maternidades, fugindo de estereótipos diversos socialmente impostos. O trabalho de trazer crianças à vida através do ofício de parteira, em Iluminadas e o cuidado com a comunidade como agente de saúde em domicílio com Natasha, em Wonderfull - Meu eu em mim e através do cuidado e conflitos dentro da família em Raiz e A gente nasce só de mãe. É uma sessão que fala muito sobre o que habita dentro, mas também de relações familiares que se estendem e se ramificam em relações em comunidades. A sessão será aberta pelo curta metragem convidado Jessy de Rodrigo Luna, Paula Lice e Ronei Jorge.

Resistir, ousar agir é a terceira sessão da mostra. Pensamos, para essa sessão, filmes que dialoguem entre si com a luta travada em diversas comunidades pela existência digna, contra as opressões de classe, raça e gênero. Diferentes maneiras de resistir e lutar conversam entre si, revezando momentos de dor e de gozo, de certeza e dúvida. A sessão faz um percurso do lúdico ao real, entre O Homem que não cabia em Brasília à Tentei. São filmes em rotas de colisão, como Universo Preto Paralelo e que trazem ideias que não estão facilmente conectadas, mas pelo ato de resistir do corpo na tela, pela persistência e transformações impressas na imagem, são obras que trazem corpos que lutam e se esforçam para mover estruturas do que lhes foi imposto, como em Real Conquista e Cabelo Bom. A sessão será aberta pelo curta Quilombo Rio do Macaco de Josias Pires, que dialoga sobre a luta pelo território e pela afirmação da identidade e pela garantia de direitos de uma comunidade Quilombola na Bahia.

A última sessão da mostra: Tempo, outro olhar, traz filmes que estão inseridos em um diferente contexto de ritmo e montagem, que se fazem perceber nuances subjetivas interiores as especificidades narrativas dos filmes. A sessão inicia com o filme baiano convidado Carranca de Marcelo Matos de Oliveira e Wallace Nogueira, sendo um chamado a se relacionar com esses outros tempos e olhares. Filmes do Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Pernambuco ligando todos esses estados através do que pulsa de maneira poética, que conversa com o cinema a partir de um lugar lúdico e a construção sensível. No fim de tudo, De tanto olhar o céu gastei meus olhos e Casca de Baobá lidam de formas diferentes com a temática das relações familiares na proximidade e distância, do que se foi, e do que virá a ser. A mostra encerra com A menina banda que dialoga com a intimidade, subjetividade e a relação de ser e se sentir diferente no mundo, utilizando do poético para estabelecer encontro com o desconhecido.

Curadoria: Hanna Vasconcelos, Michel Santos.

PROGRAMA I  (58 min)

02/05 às 19h. Praça do CEU's (Centro de Artes e Esportes Unificados) Bairro Santa Cruz 

PERIPATÉTICO

Dir. Jessica Queiroz | 2017 | SP | Ficção | Livre | 15 min

 

Sinopse: Simone, Thiana e Michel são três jovens moradores da periferia de São Paulo. Simone está a procura do seu primeiro emprego, Thiana tenta passar no concorrido vestibular de medicina e Michel ainda não sabe o que fazer. Em meio às demandas do início da fase adulta, um acontecimento histórico em Maio de 2006 na cidade de São Paulo muda o rumo de suas vidas para sempre.

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Dir. Guilherme Gehr | 2017 | RJ | Animação | Livre | 10 min

 

Sinopse: Ao cortar uma grande árvore no interior da floresta, um madeireiro contempla uma inesperada reação da natureza. Uma reflexão sobre as consequências irreversíveis do desmatamento e da subjugação lamentável dos humanos aos demais seres da Terra. 

CARTA SOBRE O NOSSO LUGAR - MULHERES DO VILA NOVA

Dir. Rayane Penha | 2017 | AP | Documentário | Livre | 13 min

 

Sinopse: O documentário apresenta histórias de mulheres que moram e trabalham no garimpo do Vila Nova interior do Amapá. Mostra a força e o poder místico dessas mulheres que se materializam em suas realidades. Mulheres que resistem aos conflitos que fazem parte do universo do garimpo, trabalhadoras, mães, filhas, prostitutas, todas elas vivendo em um universo que parece paralelo ao resto do mundo, uma comunidade de garimpeiros com suas próprias leis e seus próprios comandos, onde enriquecer através do ouro é o único objetivo dos homens. O documentário mostra o cotidiano dessas mulheres através do olhar da diretora do filme que foi moradora da localidade.

SUDESTINOS

Dir. Germano de Sousa | 2017 | CE | Documentário | Livre | 20 min

Sinopse: "Eu gosto mesmo é de andar pisando no chão. Voar, é só pra quem tem asas". Uma viagem ao interior da amizade.

PROGRAMA 2 - SEMENTE, RAIZ FORTE (89 min)

03/05 às 20:30h - Quadra do CEU's - Centro de Artes e Esportes Unificados - Bairro Santa Cruz 

Filme baiano convidado: "Jessy" Dir. Rodrigo LunaPaula Lice e Ronei Jorge (2013)

RAIZ

Dir. Andressa Matias Carvalho | 2017 | SP | Ficção | Livre |

23 min

 

Sinopse: Dois idosos solitários recebem a visita de seu filho, junto com a nora e os netos, em sua casa cheia de rachaduras, prestes a ruir por causa de uma árvore imensa, que não querem cortar. RAIZ é um retrato das relações familiares e seus conflitos geracionais e revela o que é inerente a toda a espécie: o envelhecimento, o tempo que passa para todos nós, as rachaduras que se abrem em nossas paredes e peles, a vida que decorre e acaba por ser ceifada, restando somente nossas raízes, que são a memória de termos estado no mundo.

ILUMINADAS

Dir. Gabi Saegesser | 2016 | PE | Documentário | Livre | 13 min

 

Sinopse: Luz, sombra, mistério.

A GENTE NASCE SÓ DE MÃE

Dir. Caru Roelis | 2017 | MT | Ficção | 10 anos | 18 min

 

Sinopse: Inspirado em uma história real, o filme “A gente nasce só de mãe” narra à história de Emilly Barbosa, uma garota de 17 anos vivendo em situação precária com seus dois irmãos menores e o seu filho recém-nascido na periferia da cidade de Várzea Grande. Desde que Maria Helena Barbosa, sua mãe, foi morar com novo namorado, a pobreza agrava e um corte de energia incita uma enorme tragédia.

WONDERFULL - MEU EU EM MIM

Dir. Dário Jr | 2017 | AL | Documentário | Livre | 20 min

Sinopse: Nem sempre os começos são felizes, mas isso não importa para Natasha Wonderfull, pois ela sabe que o que a define são suas escolhas e quem deseja ser.

PROGRAMA 3 - RESISTIR, OUSAR AGIR (85 min)

04/05 às 20:30h - Quadra do CEU's - Centro de Artes e Esportes Unificados - Bairro Santa Cruz 

Filme baiano convidado: "Quilombo Rio do Macaco" Dir. Josias Pires (2011)

O HOMEM QUE NÃO CABIA EM BRASÍLIA

Dir. Gustavo Menezes | 2016 | DF | Ficção | 12 anos | 16 min

 

Sinopse: A peleja de um morador de rua contra a utopia de Brasília.

UNIVERSO PRETO PARALELO

Dir. Rubens Passaro | 2017 | SP | Documentário | 14 anos | 12 min

 

Sinopse: Um paralelo traçado entre as violações de direitos humanos do passado escravocrata brasileiro e da ditadura militar por obras do século XIX e depoimentos dados a Comissão Nacional da Verdade. Quem são os heróis nacionais brasileiros?

REAL CONQUISTA

Dir. Fabiana Assis | 2017 | GO | Documentário | Livre | 15 min

 

Sinopse: Em Goiânia, no bairro Real Conquista, uma mulher, marcada por um forte passado de violência, luta por melhores condições de vida.

CABELO BOM

Dir. Swahili Vidal e Claudia Alves | 2017 | RJ | Documentário | Livre | 15 min

Sinopse: Como o cabelo crespo de três jovens mulheres é parte fundamental de suas histórias de vida. Através dele elas nos contam historias de preconceito, autoaceitação e principalmente libertação e tomada de consciência. O cabelo crespo é o motor da reafirmação de suas identidades.

TENTEI

Dir. Laís Melo | 2017 | PR | Ficção | 14 anos | 14 min

Sinopse: A coragem foi se fazendo aos poucos conforme a angústia tomava o corpo. Em certa manhã, Glória, 34 anos, parte em busca de um lugar para voltar a ser.

PROGRAMA 4 - TEMPO, OUTRO OLHAR (86 min)

05/05 às 20:30h - Quadra do CEU's - Centro de Artes e Esportes Unificados - Bairro Santa Cruz 

Filme baiano convidado: "Carranca" Dir. Marcelo Matos de Oliveira e Wallace Nogueira (2014)

NO FIM DE TUDO

Dir. Victor Ciriaco | 2017 | RN | Ficção | 10 anos | 15 min

 

Sinopse: As longas tardes marcam o último estágio de uma relação. Como uma boneca que sempre quis ter, Josy cuida de sua mãe. Seu corpo franzino e seus traços, que se confundem entre o masculino e o feminino, marcam a sua personalidade. Sua mãe, uma senhora debilitada por uma doença degenerativa, que a faz confundir o real e o imaginário, nunca teve uma relação tão próxima daquele filho quanto agora, que depende dele.

DE TANTO OLHAR O CÉU GASTEI MEUS OLHOS

Dir. Nathália Tereza | 2017 | MS | Ficção | 10 anos | 25 min

 

Sinopse: O pai de Luana e Wagner envia uma carta após anos de abandono. Wagner acredita que o pai pode ter mudado. Luana não.

CASCA DE BAOBÁ

Dir. Mariana Luiza | 2017 | RJ | Ficção | Livre | 12 min

 

Sinopse: Maria, uma jovem negra nascida em um quilombo no interior do estado, é cotista na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Sua mãe, Francisca, leva a vida cortando cana nas proximidades do quilombo. As duas trocam mensagens para matar a saudade e refletir sobre o fim de uma era econômica-social.

A MENINA BANDA

Dir. Breno César | 2018 | PE | Experimental | Livre | 23 min

Sinopse: Quando fui criança, achei que pudessem escutar.

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